Chico Buarque
- Tantas águas rolaram; Quantos homens me amaram; Bem mais e melhor que você.
- Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz; Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
- O verdadeiro amor sempre é o que morre.
- Olhos nos olhos; Quero ver o que você diz; Quero ver como suporta me ver tão feliz
- Chorei, chorei; Até ficar com dó de mim
- É mais uma história de amor; Que outro me tome o lugar; Não está mais aqui quem chorou; Um outro que venha chorar
- Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto; Transbordava a baía com todas as forças navais
- Olhos nos olhos, quero ver o que você faz; Ao sentir que sem você eu passo bem demais
- Tenho o passo marcado; O rumo traçado sem discussão; Tenho um encontro marcado com a solidão
- A mentira, me acredite; Com a verdade vai casar; Se disfarça de palpite pra verdade enfeitiçar
- Tenho um sorriso comprado a prestação.
- Mesmo quando as minhas mãos estão; Ocupadas em torturar, esganar, trucidar; Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora;
- Olhos nos olhos; Quero ver o que você faz; Ao sentir que sem você eu passo bem demais
- Pois no silêncio mentiroso tão zeloso dos enganos; Há de ser pura como o grito mais profano
- Quer se divertir fingindo me adorar; Ou finge se enganar me amando pra valer
- Contigo aprendi a perder e achar graça; Pagar e não dar importância; Contigo a trapaça por trás da trapaça é pura elegância.
- Dei pra maldizer o nosso lar; Pra sujar teu nome, te humilhar; E me vingar a qualquer preço; Te adorando pelo avesso.
- Pois é; Fica o dito e o redito por não dito; E e difícil dizer que foi bonito; É inútil cantar o que perdi.
- Eu te murmuro; Eu te suspiro; Eu, que soletro teu nome no escuro.
- Há nada como um tempo; Após um contratempo; Pro meu coração.
- Hoje na solidão ainda custo; A entender como o amor foi tão injusto; Prá quem só lhe foi dedicação.
- Mas você me navegou mares tão diversos; E eu fiquei sem versos; E eu fiquei em vão.
- Preciso conduzir; Um tempo de te amar; Te amando devagar; E urgentemente...
- Tem gargalhada; Tem sim senhor; Tem muita estrada; Tem muita dor; Venha, Excelência nos visitar; Estamos sempre noutro lugar.
- Quero inventar o meu próprio pecado; Quero morrer do meu próprio veneno.
- Pense que eu cheguei de leve; Machuquei você de leve; E me retirei com pés de lã.
- Já lhe dei meu corpo, minha alegria; Já estanquei meu sangue quando fervia.
- A gente quase não se vê; Eu só queria me lembrar; Me dê noticia de você; Me deu vontade de voltar
- E me vingar a qualquer preço; Te adorando pelo avesso pra mostrar que inda sou tua
- Para sempre é sempre por um triz
- Que a saudade dói latejada; É assim como uma fisgada no membro que já perdi
- Como, se na desordem do armário embutido; Meu paletó enlaça o teu vestido; E o meu sapato inda pisa no teu.
- Depois de te perder; Te encontro, com certeza; Talvez num tempo da delicadeza.